quarta-feira, 6 de abril de 2011

O Pombo Enxadrista






Há anos eu jogo xadrez no mesmo lugar, na mesma mesa da Praça da Alfândega. Na velhice, é a única coisa que faz eu me sentir vivo, depois que perdi minha amada esposa.

Vou à tarde, sento-me na minha mesa da sorte e só saio à noite, quando começa a escurecer e aparecem os primeiros “perdidos”.

Sempre que chego já me aparece outro velho pra me desafiar.

Sempre ganho. Nem lembro das vezes que perdi, de tão raras. Sou um bom enxadrista, modéstia parte.

Dia desses, porém, cheguei e vi que minha mesa da sorte estava tomada de cocô de pombo. Aquela praça é cheia deles. Mal se podia ver as 64 casas, pois estavam todas brancas de merda de pombo. Situação desagradável.

Não quis limpar. Decidi-me a não jogar nesse dia.

Foi então que um velho, do outro lado da ruela, me chamou para jogar no tabuleiro da mesa dele. 

Sentei e joguei. 

Perdi todas as partidas...

Maldito pombo!

Um comentário:

  1. Três horas da manhã, desliguei meu computador e fui deitar. 10 minutos rolando na cama, um título não saía da minha cabeça: "Pombo Enxadrista". Não se de onde veio.

    Comecei a pensar em uma mesa de xadrez. Daí me veio à mente aquelas mesas que têm ali na Praça da Alfândega, na Andradas, Porto Alegre, perto da Caixa Econômica. Lembrei dos velhinhos que ali jogam xadrez. E dos pombos que estão sempre ali.

    Foi então que me surgiu a ideia do Pombo Enxadrista.

    Coisa loca me surgir uma estória tão maluca, a essa hora da manhã, sem pé nem cabeça.

    Mas eu gostei, sei lá por quê.

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