quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Mariluz – O Último Dia de Praia (+18)


Não sei colocar censura etária, portanto, se tiver menos de 18 anos, ser virgem, ou não gostar de emoções fortes, não leia a partir daqui!




Mariluz – O Último Dia de Praia




















Após duas semanas curtindo Mariluz (município litorâneo norte riograndense, praia pequena e irrelevante para a rotação do mundo, mas incontornável depois de descoberta), havia chegado o último dia dessas pequenas férias. Eu, minha namorada e meu melhor amigo, também com sua namorada, alugamos dois quartos de uma pousada bem discreta, familiar, cor de salmão - ou um laranja já desbotado -, à beira-mar. Alugamos um quarto ao lado do outro. O único problema é que a parede comum aos dois quartos era muito fina, e durante a noite alguns soluços escapavam, tanto de lá quanto de cá. Mas por causa dos mosquitos dormíamos completamente tapados pelo lençol, o que abafava um pouco o barulho.

Passamos o dia na areia, elas tomando banho de sol e nós, homens, jogando um futebolzinho. Depois, já no finalzinho da tarde, apreciamos o pôr-do-sol com um chimarrão, um violão e muitas risadas. Aproveitamos o dia como se aquele fosse o último dia de verão de nossas vidas. Dia 25, segunda-feira, eu tinha de voltar ao trabalho, naquele escritório chato de pessoas chatas e papéis inúteis.

Enquanto minha namorada Ana e meu amigo Zeca iam lavar os chinelos no mar, Suellen, a nova namorada do meu amigo, me revelou um tanto escondida que eu tocava muito bem, o que me fez reparar nela como não havia reparado ainda desde então. Em respeito ao meu amigo, não ficava espichando os olhos pra ela. Mas, assim que ela falou aquilo, levantou e foi em direção ao mar. Aí que percebi Suellen, toda loira, de pele tostada pelos banhos de sol, com seu short sumário deixando escapar as polpas da bunda e uma blusinha de crochê içada, pela imponência dos seios, pouco acima do umbigo. Ao estilo mignon, contava com apenas 1m60cm de uma suntuosa silhueta. Tinha olhos grandes e verdes, esplêndidos pares de coxas e pezinhos pequenos como uma chuva miúda no verão.

Passado o lapso de cobiça da mulher alheia e recobrando os sentidos após surto de vaidade que me tomou o espírito, soltei os lábios ainda rijos, levantei, sacudi a areia da bermuda, calcei os chinelos e emparelhei a caminhada com os três rumo à pousada.

Como em todas as outras noites, saímos pelo centrinho de Mariluz. Só que aquela noite era especial. Estava exalando uma estranha e agradável brisa no ar, que lambia nossos corpos com sua maresia e nos deixava ainda mais em clima de festa. Riamos sozinhos, nós quatro. Era realmente uma noite muito boa.

Lá por volta das duas da madrugada, sentamos à beira do mar novamente. Jogamos conversa fora, bebemos e discutimos planos. Tudo que quatro pessoas falariam quando levemente embriagadas. Um clima assim impende muitas indiretas por parte das mulheres. Sim, é claro que elas, amiúde, aproveitavam para se lamuriar daqueles gravames comuns à nossa raça.

O tempo corria nas crinas do vento, enquanto o sono chegava a cavalo e nossos olhos já semicerrados lacrimejavam. O grau etílico subiu gradativamente, seja pelos ponteiros do relógio, seja pelo cansaço que nos tomava da festa “interminável” das últimas duas semanas. Havia também uma garrafa quase vazia – ou meio cheia – de uísque nos acompanhando. Mas essa não tinha culpa de nada.

Voltamos - cambaleantes - para nossos respectivos quartos. Entretanto, antes de eu poder processar a ideia de me esparramar na cama e desfrutar as últimas horas das minhas férias, por alguma coisa que eu fiz - ou deixei de fazer -, mesmo sem saber o que tinha sido, minha namorada começou a discutir comigo. Mais uma daquelas brigas pesadas, que tanto me irritavam e me desmotivavam. Mulheres sempre fazem isso: pegam frases desconexas e fora de contexto, criam uma estória no seu imaginário fértil e usam contra nós depois, pobres e indefesos homens, escravos dessas torpes criaturas de Deus. Deve ser a tal da TPM. Será que ela percebeu algum olhar de Suellen pra mim a hora que eu tocava violão? Ou alguma coisa com relação à minha falta de perspectiva para o casamento após seis anos de relacionamento?

Mandei ela longe, deitei de costas para suas costas e me fechei como dedos. Embora estivesse exausto, não conseguia conciliar o sono. Virava, revirava, abraçava o travesseiro e nada de achar jeito na cama. Estava irritado e de cabeça quente. Tive de ir à beira mar para repensar minha vida, pois aquela briga era definitiva! (Sempre é!) O som das ondas e a maresia têm um efeito terapêutico em mim. Levei comigo o resto daquele uísque e bebi até a última gota. Já era o suficiente (?!).

Estava completamente envolto em pensamentos quando percebi que meu amigo também andava pela praia - talvez pelo mesmo motivo. Não pensei que aquela conversa na beira do mar tinha rumado para tais armadilhas femininas. Pegaram-nos desprevenidos, as duas! No entanto, Zeca estava avesso e não queria pensar ao som das ondas e cheirando maresia, queria mesmo beber mais no centro de Marilight, ver a mulherada. Orra, em posse daquela loira cordicuia de olhos verdes ele ainda tem olhos para outra mulher? Eu recusei a proposta e voltei trocando os pés ao meu quarto.

Quando entrei no quarto, pensei em não acender a luz para não acordar minha (furiosa) namorada. Não é que a desgraçada tinha conseguido dormir?! Pé por pé fui até a cama e deitei. Senti álcool das duas semanas inteiras retumbar naquele escuro circundante. Nesse instante, veio-me à cabeça que nas vezes em que brigamos nossas reconciliações sempre se davam com boas doses de sexo. Na minha opinião, as melhores transas são depois das piores brigas.

Obstinado pelo pensamento, parti para o ataque. Abracei seu corpo em concha, no desejo de dirimir aquela briga inútil – ainda que não existam brigas úteis. Ela estava deliciosamente nua por de baixo dos lençóis. Senti que ela me retribuiu o gesto, arrastando no colchão sua bunda para perto da minha cintura e retirando com os pés, de uma só vez, o lençol que lhe cobria. Veio com um roçar sensual que me estremeceu até o último pelo da alma! Sentia a eletricidade pulsando por todo meu corpo. Aproximei meu queixo na nuca dela, tentando arrancar um arrepio de sua espinha com minha barba. Segurei firme seu cabelo enquanto minha outra mão deslizava sobre suas coxas, já todas ouriçadas pelos calos dos meus dedos. Continuei no pescoço, virando seu corpo até que pudesse chegar aos seus lindos seios. E que seios! Sentia o bico hirto em meus lábios, enquanto fazia movimentos com língua e boca, ora remansados, ora provocadores. Pareciam deliciosamente firmes. Ela revirava-se, deixando marcas perpétuas no colchão. Nunca havia sentido tal aproximação entre nós. Aquele cheiro de xampu entrando nas minhas narinas. Era um desejo anímico, sem qualquer explicação plausível. Que pele! Enrolei minhas pernas nas dela, enquanto minhas mãos ainda descortinavam seu contorno. Foram minutos de intenso prazer preliminar. Indescritível. Com um movimento rápido, segurei com força e firmeza suas costas, virando seu corpo de bruços, de forma com que pudesse deitar sobre sua pronunciada bunda. Num pulo, tirei a cueca, subi e entrei. Nesse momento, em um gemido impudico, lento, tórrido e impublicável, como em uma ironia romântica, ela exclamou: “AI ZECA!”…


Sim, na azáfama da embriaguez eu havia imperdoavelmente errado de quarto. E antes que eu pudesse me lamentar do erro… já estava dentro da namorada do meu melhor amigo.








* A frase "pequena e irrelevante para a rotação do mundo, mas incontornável depois de descoberta" é de Luís Augusto Fischer, e está no songbook do Vitor Ramil.

** A expressão “Ironia Romântica” explicada em http://www.edtl.com.pt/?option=com_mtree&task=viewlink&link_id=448&Itemid=2.

Nenhum comentário:

Postar um comentário