sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Eleições 2010 - Quem vai ganhar o Oscar de melhor coadjuvante de Lula?

Prometi para mim mesmo que não iria falar dessas eleições no meu blog... não consegui! Mas prometo, serei breve e só criticarei àquilo que está muito na cara e que me incomoda muito.


Primeiramente, vou criticar o grande teatro que se instalou na televisão brasileira, mais intensamente no horário político gratuito (pois não são só os candidatos que concorrem ao prêmio). Não importa em quem vamos votar, o eleito será um ator, com certeza. Sim, um ator, que ganhará o Oscar de melhor ator coadjuvante de Lula, “O cara”. O marketing tomou conta da democracia. Hoje só importa o jingle mais pegajoso, a foto mais perto do Lula (nas piores montagens), e a melhor maneira de se prometer a mesma coisa. Plásticas, maquiagem, roupas elegantes, tudo isso faz parte do circo que se armou. Tudo para enganar, falsificar a própria imagem para a de uma pessoa de reputação ilibada. Até falsificação em curriculum lattes se fez! Que vergonha, Dilma não passa de uma graduada, e não doutorada, como constava no seu lattes anterior. Que ridículo Dilma, a maioria dos brasileiros são felizes por ter terminado, a muito custo, o fundamental – e foram esses que elegeram Lula. Não é quem lê o jornal que coloca o presidente “lá”, mas sim quem limpa a bunda com ele! Não há com que se envergonhar, mentir, aumentar.

Só para lembrar, Dilma esteve envolvida no sequestro do embaixador americano Charles Burke Elbrick, em 4 de setembro de 1969, no Rio de Janeiro, pois era também uma ativista política naquela época. Não poderia deixar de ser, ela era da UFRGS. Mas isso também não é motivo para se depreciar. Digo que até deveria ser uma das plataformas de campanha. Estavam envolvidos também o Zé Dirceu, Onofre Pinto, Fernando Gabeira, e tantos outros conhecidos da política tupiniquim. Poucos sabem, mas Nelson Mandela era líder rebelde, matou centenas de inocentes em atos de terrorismo contra o governo da África do Sul, bem como participou de sequestros e sabotagens como forma de pressionar o então governo opressor. Era um Che sul-africano contra o apartheid. Isso faz parte da história, luta de classes, do oprimido contra o opressor. Isso tem de ser divulgado, pois “Madiba” conseguiu ser libertado de sua prisão perpétua e se tornou presidente e ícone da luta pelos direitos humanos, tanto que ganhou Nobel da Paz, em 1993. Lembro também o santo Gandhi, que lutou, mas como satiagraha, com a não-violência, conseguindo expulsar, depois de muitos companheiros mortos pelos soldados da rainha, a grã Bretanha, então colonizadora da Índia. Vale recordar que esse nunca ganhou prêmio algum, mesmo nunca matando nem deixado que guerras injustas permaneçam, como nosso último premiado pelo Nobel da Paz (a saber, presidente Obama).

(Esclarecendo, sou a favor da luta armada em tempos de exceções, pois é só dessa forma que será feita a revolução, e satiagraha não se repetirá. Se não, continuaremos nesse mundo de ilusões que vivemos na nossa “classe média”, confortáveis e com o cu na mão)
Lembro também que Dilma, assim como Serra e Plínio de Arruda Sampaio, nasceu em berço esplêndido. Creio que desses, Plínio fosse o mais abastado. Mas também acredito que somente esses são os legitimados para por em prática o socialismo. Somente os que nascem em classe média é que podem ter uma visão menos apaixonada, e, portanto, mais racional dos problemas sociais. Eles não tiveram a dificuldade do pobre, mas buscaram sabê-la, mesmo tendo uma vida boa (assim com Sidarta, o Buda). Eu, por exemplo, como dizem meus amigos, sou um socialista de Rolex. Não que eu tenha um, óbvio, mas dizem por eu não ser um “mulambo” que pede esmolas, e por isso não posso ser uma pessoa preocupada com a questão social do mundo. Um argumento vazio. Não posso defender a causa homossexual por não ser gay? Nem defender a erradicação do analfabetismo por saber ler e escrever? Tampouco posso me revoltar com o preconceito racial, já que sou branco, não é?

Um desses meus amigos (um dos melhores), ou melhor, inimigo íntimo de acirrados debates, disse, certa feita, que o Mc Donald's, no chamado “Dia do Câncer”, contribui mais para a sociedade do que o Greenpeace, o qual sou afiliado. Claro, que ele deve desconhecer que a carne usada para confeccionar os deliciosos hambúrgueres do Mc é proveniente da Amazônia, aquele quintal norte americano que esta sendo desmatado, queimado e ceifado do mapa brasileiro para criação de gado de corte. Mas isso ninguém gosta de saber. Então, paradoxalmente, eles ajudam o tratamento de doenças que eles mesmos ajudam a causar. Ironia ianque.

Continuando, acredito que o pobre, aquele que não teve condições a uma educação digna, não tem suporte para estabelecer uma revolta com os parâmetros intelectuais de uma pessoa que pôde estudar em colégios melhores. Eu, inclusive, estudei em escola particular até a 6ª série. Não tive melhor ensino na escola pública na 7ª série - até porque comecei a descobrir a malandragem da vida. Só para constar, sou de classe-média-média, mas tive um grande exemplo da guerra contra o autoritarismo dentro de casa, o meu avô. Meu avô participou de tantos manifestos quanto os presidenciáveis que citei. Foi preso, pressionado psicologicamente, expulso do exército, anistiado... foi um espírito rebelde de sua época, em que haviam os dominadores, os dominados condescendentes e esses que lutavam contra o status quo. Por isso posso dizer que sou legitimado a falar dos problemas sociais, pois tive exemplos e não tive a preguiça de me deixar iludir com esse panis et circus que a mídia propaga. Não só quero falar e criticar, como pretendo servir nesse sentido, assim que formado e togado como magistrado, pois creio que terei melhor visibilidade e ouvidos quando tiver uma posição social mais relevante. Mas, ainda sem ser juiz, tento subverter a mente preguiçosa de alguns amigos, mostrando que o mundo não é uma Disneylândia, e que um modelo de sociedade baseada no capitalismo neoliberal não é a melhor maneira de se viver. E é aí que eu entro com outra crítica ao tema central da postagem.

Plínio é um anti-herói, é o anticandidato dessa eleição. É o cara que vai mostrar, mesmo não tendo chances de se tornar presidente, que há outra solução além da que o Lula profetizou. Ele está aí para dizer que existe outra maneira de se ter uma sociedade equânime e justa. Tenta explicar em seu plano os assuntos que ninguém quer tocar. Darei um exemplo, próximo de nós gaúchos: a educação é o instituto mais perigoso para um governo de dominantes. E por quê? Um governo dura 4 anos, e nós eleitores não temos uma memória muito boa, então, mesmo que seja reeleito um candidato, a educação sempre é deixada de lado. Um governo de 4 anos corresponde a um aluno que entra na 1ª série e chega a 4ª do fundamental, ou um que sai da 8ª do fundamental e conclui com o 3º ano do ensino médio. Aquele não tem idade para votar, tampouco se preocupa com política, acha coisa chata de adulto; esse está na adolescência efervescente, e acha que todos os políticos são ladrões, não conhece nenhum, tem idade para votar, mas, como é facultativo, não perde tempo indo às urnas. E é claro, está muito mais preocupado com a namoradinha, o líder do BBB, a mocinha da novela, o artista da moda e a roupa que todos estão usando. Ou seja, não passa de um estereótipo pré-programado. Então, por essa razão, o professor continua mal pago, as escolas públicas continuam sucateadas, os alunos continuam mal tratados e feitos de idiotas, com matérias ultrapassadas e que não acrescentam em nada a visão crítica que se deveria criar, e as faculdades públicas continuam habitadas somente por filhinhos de papai que tem grana para pagar um cursinho. Alguns professores, os menos frustrados, conseguem passar algo para os alunos, os quais eu tive poucos na minha época de escola. É uma estratégia política. Eles fazem asfalto, obras de viação, criam estímulos para empresas prosperarem e contratarem mão de obra e empregos (aquela que não possa ser substituída por máquinas), colocam polícia na rua - que dá impressão de segurança (mas continuam pagando uma miséria pelo risco que eles correm) -, anunciam grandes descobertas, como o pré-sal (o futuro vazamento de petróleo, como o dos EUA) e as usinas elétricas (futuros acidentes como Chernobyl), e etc, coisas que são visíveis e fáceis de manipular, coisas que são imediatas e dão impressão de produção. Mas aquilo que vai fazer o povão começar a pensar, aquilo que vai fazer o povão sair da frente do Big Brother e ir reivindicar, aquilo que vai criar uma sociedade mais consciente de seu espaço no mundo e as consequências que isso gera, nisso eles nunca vão investir. Na minha época de escola pública faltavam professores (e algumas matérias eu não tive por essas faltas), outras foram abolidas da grade curricular, como a Geografia no 3º ano. Algumas matérias estão fadadas a extinção, visto que o estímulo que leva alguns corajosos a se arriscarem nela é cada vez menor. Quanto pode ganhar um filósofo, um historiador, um filólogo? Na maioria são todos muito mal pagos pela importância que têm. Isso tudo foi feito para que eu e você se acostumasse com tudo que é empurrado goela a baixa. Mas, por uma infelicidade do destino, eu não sou assim. Se você leu até aqui, também não é, ou não quer ser.
Nossa então governadora, ora candidata a reeleição, é uma dessas que aprova a luta pelos direitos, a livre manifestação. É só ver o que aconteceu no protesto dos professores na capital gaúcha. Pergunte aos profissionais do ensino o que eles receberam em troca do grito de indignação... PORRADA, foi isso que levaram. Claro que sempre amparados pelo jornalismo imparcial da RBS, filial da toda poderosa Globo.
Foi o embate dos mal pagos policiais da Brigada Militar, contra os mal pagos professores da rede pública. Uma briga de funcionários públicos que servem à sociedade. Isso, por mais incrível que seja, não pode ser aceitável.

(Alguns vão dizer que me contradisse em afirmar que só os abastados tinham chance de colégios melhores, então somente esses podiam criar, intelectualmente, a revolução. E que os pobres, que têm uma educação falha e parca, não teriam o suporte. Esclareço. Os pobres têm a escola pública. Se esta melhorar, então eles terão o suporte para melhorar as condições de vida da sua família, seja por votarem melhor, seja por pensarem melhor, fazendo com que se crie também um ambiente propício para a criação de um filho consciente, crítico. Explicado, portanto, a lógica de meu raciocínio.)

“Você está sendo enganado, é só olhar em volta!”, é o que está escrito em uma pichação que li esses dias no muro da Mauá, aquele que separa Porto Alegre do Cais do Porto. Esse lago que vai ser privatizado, se tornando privilégio dos sortudos compradores dos apartamentos e estabelecimentos que vão construir ao longo da orla. Vai virar uma Camboriú.

Finalizando...

Usei a desculpa da crítica às eleições para explanar outras coisas que vejo que estão erradas, mas isso faz parte do jogo.

Eu faço parte da parcela ínfima da sociedade que, perto do resto, fica menor do que a pontuação que agora usarei: . Sei que serei criticado sempre, pois o passado do socialismo não é dos melhores, apesar de o capitalismo ser tão prejudicial quanto, mas ter uma boa forma de máscara: a mídia.

O passado é uma história que ninguém quer resgatar, mesmo que nós fossemos aprender algo com isso. Mas com luta e com cerceamento de liberdades em favor do bem comum, chegaremos à equidade, à igualdade, à fraternidade e ao verdadeiro progresso: o que vem de dentro para fora.

Em outro post eu falo sobre as eleições. De verdade!

Nenhum comentário:

Postar um comentário