quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Angra, uma tragédia evitável


Outra visão sobre os desastres em Angra

Digamos que os desastres de Angra seriam como a Usina Nuclear de mesmo nome: uma tragédia anunciada e evitável!

A pressão imobiliária sobre os vereadores e deputados estaduais é tão grande que abafa os estudos geológicos – que por certo nem existiram no local.

Vemos mais uma vez a mídia fazendo media e escondendo a verdade. Quem é o culpado? A chuva? Óbvio que não!

No programa Global Fantástico aparece um casal, triste por ter perdido sua filha. Mas que responsabilidade teria esse casal por essa e pelas outras mortes, se construiu (ou comprou) uma pousada na encosta de um morro? Seria justa a alegação de que foi um desastre natural? Um acaso? Um caso fortuito e incerto? Não! O certo seria fazer um apurado estudo das condições reais do solo e, se for possível, averiguar se esse tipo de “fatalidade” poderia ter sido evitada com a restrição de moradias no local. Se as mortes pudessem ter sido evitadas com um simples NÃO por parte dos legisladores e peritos, esses e os donos dos imóveis deveriam pagar pelo crime de homicídio por dolo eventual, no qual não houve intenção de matar, mas se sabia do risco. É mais ou menos como o motorista que sai dirigindo bêbado e acha que não vai matar ninguém e acaba criando um acidente fatal. Ou como construir uma pousada na encosta de um vulcão, sabendo que daqui a 10 anos ele pode entrar em erupção. Talvez ele não entre, mas, se há chance, não se deve arriscar por míseros lucros que não valem a vida de quem se perdeu.

Todas essas mortes poderiam ter sido evitadas se, pelo mínimo de segurança, esses construtores tivessem esquecido por um momento o lucro e a ganância.

Não sei se os estudos levarão a essa conclusão, a de que era sabido que a área iria ruir em algum momento. Mas se levar a essa conclusão, então que os responsáveis sejam culpados e condenados. É o mais justo e prudente a fazer, para se criar uma mentalidade um pouco mais coerciva na cabeça desses “grandes empresários”, mostrando que nem sempre molhar a mão de alguém exime a culpa de um “acidente”.

A mídia mais uma vez esconde o verdadeiro culpado, pondo a culpa toda na chuva. Ela não tem como se defender, não é mesmo?! Quem patrocina pode pagar a verdade. Porém a chuva, culpada de tantas outras tragédias, não pode.

Que essas tragédias sirvam de exemplo. Que o povo não engula calado essa “verdade” empurrada. Saibamos pensar criticamente, só assim alguma coisa vai mudar. E para quem puder evitar comprar um imóvel em um local de risco, que o faça. Comprar um imóvel com esse vício oculto é mais ou menos como comprar um carro sem freio, em alguma lomba vai acontecer o esperado.

O ano de 2010 parece que começou ensinando. Que ensine todos aqueles que dominam. Que ensine que nem sempre são os dominados que pagam. Como o exemplo desse acidente, uma das vítimas era a filha do casal empresário, dono da pousada. Amanhã pode ser outro acidente pior. Que seja feita a Justiça e os culpados paguem pelos crimes, se assim for apurado. Para o Brasil perder o estigma de “quem tem grana não vai preso” ou de que “tudo acaba em pizza”.

Ano de 2011, o mesmo drama! Nada mudou.